DEFINIÇÃO

Está entre as dez queixas mais freqüentes nas consultas médicas. Todas as pessoas terão cefaléia pelo menos uma vez na vida e cerca de 10% dos adultos apresentam pelo menos um episódio de enxaqueca por ano.

Sua avaliação e abordagem são complexas por ser uma entidade clínica polimorfa, de múltiplas causas e que pode evoluir de forma aguda, subaguda, crônica ou crônica-agudizada. Pode ser primária ou secundária a outras doenças simples como uma virose respiratória não complicada até doenças graves como um tumor cerebral ou hipertensão intracraniana.

SINAIS E SINTOMAS:

  • Dor em aperto
  • Dor crônica
  • Dor pulsátil
  • Dor latejante
  • Dor unilateral
  • Astenia
  • Lassidão
  • Afasia
  • Náusea
  • Anorexia
  • Fotofobia
  • Fonofobia
  • Aura
  • Escotomas
  • Diplopia
  • Tontura
  • Zumbido
  • Disfasia

CLASSIFICAÇÃO E QUADRO CLÍNICO

TENSIONAL

  • Pode ser episódica, crônica recorrente ou não classificável.
  • Descrita como “dor em aperto ou pressão”.
  • Pode piorar com contato como pentear ou puxar os cabelos ou franzir a testa.
  • Ocorre em qualquer idade, principalmente nas mulheres.
  • Geralmente dura poucas horas, mas pode persistir por dias ou semanas.
  • Apresenta boa resposta aos analgésicos comuns.

ENXAQUECA

  • Recorrentes em crises agudas com intervalos assintomáticos.
  • História familiar positiva na maioria dos casos.
  • Intensidade moderada a intensa.
  • Dura de 20 minutos a 72 horas.
  • Geralmente descrita como pulsátil, latejante ou em vai-e-vem.
  • Piora com o exercício, barulho, luz. Prefere ficar sozinho, no quarto, deitado, na escuridão e em silêncio.
  • Pode ser unilateral, principalmente fronto-temporal. Pode ser universal ou unilateral alternando os lados.
  • A mucosa nasal e a conjuntiva escleral tornam-se avermelhadas. Aos poucos a crise vai se extinguindo podendo ser sucedida por astenia, lassidão, afasia, visão borrada ou perda visual e vertigem.
  • Pode ser acompanhada de náuseas, anorexia, foto e fonofobia.
  • Início geralmente agudo.
  • Espontânea ou desencadeada por estresse, exercício, insônia, luminosidade, menstruação, orgasmo, aditivos alimentares, álcool.
  • Aura ocorre em 10% dos casos, 1 ou 2 horas antes de desaparecem em menos de uma hora: escotomas cintilantes ou cataratas, diplopia, disestesias, formigamento nas mãos, lábios e língua, fraqueza muscular unilateral, perda auditiva ou visual, tontura, vertigem, zumbido, sinais neurológicos focais, afasia ou disfasia.
  • Pródromos (1 ou 2 dias antes): euforia, depressão, hiperatividade, desejo ansioso por alimento, retenção hídrica com aumento peso ou edema.

EM SALVAS “Cluster”

  • Paroxística aguda, unilateral e em salvas, ou seja, repete duas a seis vezes no dia (pode variar de uma a cada dois dias até oito por dia).
  • Intensidade lacinante, muito intensa em crises de início aguda e duram de meia a três horas.
  • Geralmente periorbitária ou temporal anterior, unilateral.
  • Mais comum em homens entre 30 e 60 anos de idade.
  • Aparece em ciclos de dois a três meses que se repetem uma ou duas vezes por ano.
  • Sensação de agitação e inquietação, rubor e sudorese faciais, fácies de grande sofrimento.
  • Conjunto de sinais ipsilaterais com combinação diversa de: lacrimejamento (parece chorar), congestão nasal, ptose, miose, congestão ocular, edema de pálpebra, rinorréia.
  • Pode ser desencadeada pelo uso de álcool ou nitratos. Pode acordar o paciente à noite.

HEMICRANIANA PAROXÍSTICA DA CRIANÇA

  • Muito intensa e em salvas com crises de cinco a 20 minutos repetindo cerca de cinco vezes no dia.
  • Localização têmporo-orbitária unilateral.
  • Frequentemente acompanhada de hiperemia conjuntival e rinorréia do mesmo lado da dor.
  • É mais freqüente entre mulheres.

HIPERTENSIVA INTRACRANIANA

  • Causada por AVC (acidente vascular cerebral), arterites, hematoma ou hemorragia subaracnóidea, má formação vascular, trombose do seio venoso, bloqueio da circulação liquórica, lesão expansiva cerebral ou piora aguda da hipertensão arterial.
  • É bilateral, universal com predomínio occipital.
  • Pode ser descrita como pressão (constritiva) ou pulsátil. Pode ser contínua e persistente.
  • Intensidade variável. Pode acordar o paciente pela manhã. É muito intensa na hipertensão maligna.

DIÁRIA CRÔNICA

  • Forma evolutiva da enxaqueca ou cefaléia tensional anterior que se torna progressivamente mais intensa e frequente com a idade até se tornar diária ou quase diária.
  • Intensidade leve e moderada, tipo pressão ou pulsátil.
  • Mais frequente em mulheres em torno dos 40 – 50 anos de idade.
  • Crises de horas de duração ou contínuas com freqüência acima de quatro dias por semana.
  • Pode ser acompanhada de náuseas ou vômitos, fotofobia e fonofobia, astenia, ansiedade, agitação, irritabilidade.
  • Frequentemente associada ao uso abusivo de analgésicos.

BENIGNA POR TOSSE

  • A dor é bilateral de início intenso e que sucede a episódio de tosse ou manobra de Valsalva. É necessário atenção para o diagnóstico diferencial com lesões estruturais da fossa posterior.

POR ESFORÇO OU ORGASMO

  • Dor desencadeada por esforço físico ou relação sexual.
  • Tem caráter compressivo ou latejante, durando poucos minutos a até 48 horas.
  • É importante afastar a possibilidade de um aneurisma cerebral como causa.

HÍPNICAS

  • Mais frequente em idoso e acorda o paciente mais ou menos no mesmo horário todas as noites.
  • Dura de 15 a 60 minutos.
  • A dor é difusa, frequentemente bilateral, pulsátil.
  • É importante diferenciar da arterite temporal ou de lesões expansivas cerebrais.

ARTERITE TEMPORAL

  • Mais frequente em idosos.
  • Dor constante ou pulsátil, agravada pelo frio. Pode haver mal estar, anorexia, mialgia, perda de peso.
  • Geralmente apresenta-se por febre com cefaléia orbitária ou fronto-temporal, dor na língua ou ao mastigar.
  • Acompanha-se de emagrecimento, anemia, polimialgia, redução do campo visual.
  • A artéria temporal mostra-se espessada, endurecida e sensível ao toque.
  • O fundo de olho pode revelar hemorragias, exsudatos, edema de papila ou atrofia óptica.

POR DROGAS OU TÓXICOS

  • Devido ao uso de drogas, álcool ou tóxicos (crack, cocaína, monóxido de carbono).

SUSPENSÃO DE DROGAS

  • Suspensão após o uso prolongado de álcool, cafeína, colírio de timolol, nitratos, opiáceos, ranitidina.

NEURALGIA DO TRIGÊMIO

  • Acomete principalmente pessoas com mais de 50 anos de idade.
  • Dor muito intensa, lancinante surgindo agudamente e evolui em salvas com crises de 15 a 60 segundos.
  • A dor é descrita como semelhante a um choque elétrico, unilateral, localizada na face, mandíbula, e regiões dos segundo e terceiro ramos do trigêmio.
  • É desencadeada ou piora com a mastigação, fonação e toque no local.
  • O paciente melhora ao dormir ou com a anestesia da córnea homolateral.

TUMORAL

  • Na presença de um tumor intracraniano a dor é constante e piora progressivamente.
  • Pode ser contínua, surda ou pulsátil. A intensidade varia de leve a intensa, tendendo a piorar.
  • Acompanhada de alterações de comportamento e humor (apatia, confusão, euforia, irritabilidade).
  • Sinais focais progressivos. Podem ocorrer parestesias, diplopia ou déficits visuais, ataxia, vertigem, disfasia. Sinais de herniação cerebral indicam emergência.

HIPOTENSÃO INTRACRANIANA

  • Minutos a dias após redução do volume do líquor e queda da pressão liquórica abaixo de 9 cm de água. Ex.: Punção lombar, cirurgia intracraniana, derivação ventricular, fístula liquórica, desidratação, uremia ou hiperpnéia.
  • Cefaléia contínua ou pulsátil.
  • Piora quando o paciente fica em pé
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